Ao meu amigo Omar


Há alguns anos, estava eu sentado próximo à janela do meu quarto e enquanto folheava alguns catálogos de moedas (sou numismata por hobby, desde criança), escutava a 9ª sinfonia de Beethoven.

Quando já se encontrava no 4º movimento, bem me recordo (presto; allegro assai), o mais longo, calhou que olhasse através da janela de onde vislumbrei a aurora que se aproximava, annunciando uma belíssima manhã de sábado (costumo passar a noite em claro com minhas moedas; durmo pouco...desde jovem sou assim...não mais do que 4 horas por noite, quando tanto). Levantei-me para espreguiçar e fui até a varanda, entregando-me ao fascínio da visão do mar, de uns rochedos distantes, para poder aspirar o ar límpido das manhãs da Europa primaveril.


Ainda soava o 4º movimento, quando chamou-me a atenção o voejar de um bando de pombos, próximos ao rochedo, fazendo evoluções acima e abaixo, cá e acolá. Num dado momento percebi que suas idas e vindas eram, inexplicavelmente, em perfeita harmonia com a música; era como se a orquestra e o revoar dos pombos fossem regidos pela mesma pessoa, com a mesma cadência. Conhecendo à memoria todas as passagens da 9ª sinfonia, era como se pudesse prever o próximo movimento que as aves iriam fazer, o que surpreendentemente faziam. 

Naquele instante, mais uma vez, percebi porque que a música clássica não morre jamais (principalmente a boa música como a de Beethoven). As composições melódicas destes gênios estão em perfeita harmonia com quase tudo o que nos cerca, com a natureza, com o compasso das batidas do coração, com os movimentos das coisas naturais, com o brotar das sementes de girassol, com o vento, o movimento das nuvens e o voejar de um bando de pombos. Por isso talvez, essa melodia seja capaz de penetrar a nossa alma - pelo menos a dos felizardos que conseguem perceber que o que se encontra à sua volta, como dito do Príncipe a Oratio (Horácio), é muito mais do que possa explicar a nossa vã filosofia. Talvez por isso jamais cansamos de ouvi-la, pois nos transmitem a mesma paz e emoção que só a vida contemplativa e o belo da natureza podem nos proporcionar. Por isso, talvez, sejam eternas e imortais. Algo que jamais alguém poderá retirar ou desatrelar de quem, com inspiração divina, as concebeu e, para nossa fortuna, nos concedeu.

Tal como a música clássica, a poesia de Omar Kháyyám é eterna, sendo capaz de nos fazer suspirar de emoção,...principalmente quando a lemos em um ambiente cuja atmosfera nos reporta aos exuberantes jardins da antiga Pérsia.

Neste mesmo local da Itália, onde passo alguns dias de primavera e inteiros verões numa casa cuja varanda dá para uma Marina, avisto o imponente Vesúvio que me transporta “lontano”, a um passado distante que pro mais inquietante que eu possa admitir, não me é de todo estranho.

Quando anoitece as pessoas se recolhem às suas casas devido ao intenso frio que faz...deixando o local completamente deserto. Da minha janela avisto apenas os lampiões antigos, de luz amarela que se reflete na superfície calma e cintilante das águas do mar Tirreno.

A calçada de pedras muito antigas e a lua quase sempre plena dão o toque de nostalgia ao lugar, nos reportando à epocas românticas, parecendo a cena de um filme de època. À noite, quando a temperatura é fria (em torno aos cinco graus ou menos) algumas grandes corujas, brancas como a neve, sobrevoam a Marina e os rochedos, algumas passando bem próximo à minha janela. Enquanto voam cientes da sua “superioridade” e da nossa impotência em poder plainar sobre as águas calmas do golfo, giram a cabeça, acompanhando meu olhar curioso, para em seguida se voltarem avante, como num gesto de desprezo pela nossa ordinária e insignificante condição humana. Algumas repetem o gesto como que movidas por uma curiosidade do porquê as observo, enquanto voam soberanas na noite fria, tendo suas penas brancas como a neve iluminadas pelo luar que me permite entrever as pedras no fundo da Marina.

Enquanto voam indiferentes aos meus pensamentos, lembrei dos versos de Kháyyám, no exato instante em que fitava uma delas, ao passar diante da minha janela – tão próxima que quase a pude tocar - girando a cabeça para me olhar com seus grandes olhos negros. Esta em particular, girou sua cabeça de quase 180 graus para me acompanhar, e enquanto se afastava serena e silenciosamente, eu refletia sobre os versos de Omar:

Admito que tenhas resolvido o enigma da criação.* E o teu destino ?...*
Convenho que tenhas despido a Verdade de todas as suas roupagens.* E o teu destino ?...*
Admito que tenhas vivido cem anos felizes e ainda te restem outros cem a viver.* E o teu destino ?...*
Omar Kháyyám.

— Finalmente me veio o sono…estou cansado e desejo dormir…
...Meus pensamentos ainda me consomem e apesar do corpo exausto, minha alma ainda indaga, sedenta por respostas. 

— Bebo mais um pouco do delicoso vinho (uma taça à aurora ou ao arrebol, como de costume) e  respiro fundo o ar e o silêncio da noite que finda. 

— Serei somente eu a provar esta sensação? Serei tão incompreendido, na minha visão simples do “ser feliz”? Estarei tão só quanto imagino, em meus pensamentos e minhas aflições?

Eu cambaleava no sono e a sabedoria me disse:

“Nunca, no sono, a rosa da felicidade floriu para ninguém.
*Por que te abandonares a esse irmão da morte ?
*Bebe vinho !
*Tens muitos séculos para dormir!”
Omar Kháyyám.

Fitando este imenso horizonte, aspirei o bouquet do vinho que tenho “acanto” e me entreguei agora ao som do violino de Beethoven...

— Que audácia!!! Como ousam imaginar que não há um sentido para tudo isto e que tudo que nos circunda seja obra o acaso?

Certas coisas como as boas música e poesia são eternas; creio que sempre farão parte de nossas vidas. Talvez o homem não tenha mais tempo para apreciá-las, pois como o próprio Alexis Carrel previu, a mediocridade se espalhou por toda a parte e o sentido estético do belo deu lugar à vulgaridade que tanto agrada às multidões.

Quisera eu poder dar a todos o mundo que vislumbro,...pleno de arte, de poesia, de ciência, de boa música, seja ela um clássico ou um rock, uma ópera dramática ou buffa, enfim! Mas sobretudo um mundo onde a ética, a moral e os bons costumes fossem a norma e não a exceção àquilo que hoje parece ser a regra. Esse mundo onde tento entender as reações doentias e animalescas das pessoas que cada vez mais deixam aflorar seus instintos perversos, toscos, plenos de rancor, tristeza, infelicidade e inveja (este talvez, o pior dos sentimentos - não falo daquela inveja saudável que se assemelha a um elogio sincero, mas àquela mesquinha, vil e torpe). Como se estivesse em meio aos miseráveis de Victor Hugo, lembro das palavras de Kháyyam, de Schopenhauer, de Dante a Vírgilio, de Plínio e de Giovanni de’ Medici a seu filho. Homens que se foram, dando lugar à outra espécie, estranha, vulgar e medíocre.


Omar Kháyyám

Assim como meu pai, sou um “apaixonado” incondicional do velho e querido Omar. Desde adolescente fiquei fascinado pela melodia poética dos seus “Rubai”. Tanto que meu pai me dedicou a única versão bem traduzida de Toussaint. Encontrou-a, em 1955, na livraria José Olympio. Escrita em português, é a primorosa tradução de Otávio Tarquino de Souza, com prefácio de Tristão de Athayde, do original francês de Toussaint que eu tive a oportunidade de ler alguns anos depois de estar vivendo na Itália.

Para nosso deleite (meu e dos que amam a boa poesia), Otávio, que se encontrava em período de convalescença em Juan-les-Pins - como ele mesmo diz – ao invés de decifrar palavras cruzadas, passou todas as quadras de Omar, do impecável francês para o português. Acredito que a atmosfera do lugar, e a alma poética de Otávio, nos tenham possibilitado chegar bem perto do original persa.

Como ele próprio fez questão de afirmar, “não passa do eco de um eco”. Afinal, para entender a verdadeira beleza dos versos deste grande poeta, só lendo o original em persa antigo, o que não é de todo fácil, afirmo, pois ainda tento, depois de tantos e tantos anos lendo e relendo estes quartetos.

De todas as traduções que li, em idiomas diversos, da obra prima do grande poeta, filósofo e homem de ciência, as de Toussaint e a de Otávio foram as que mais me fizeram sentir o verdadeiro perfume da rosa vermelha colhida no mais melancólico dos jardins da Pérsia.

É sempre um prazer dividir com alguém, a admiração que nutro por este grande poeta:

A vida passa, Qual rápida caravana !

*Toma as rédeas ao teu corcel, Pára e surpreende o minuto de alegria...
* Linda rapariga, por que te afliges ?...
Dá-me um pouco de vinho!
* A noite já vai acabar…
Omar Kháyyám

São tantas as perguntas e tantas, tantas, as respostas que ainda hoje não obtive.

Ainda sentado sob este intenso luar, sempre que o tempo e o descanso do trabalho me permitem, leio os versos de Kháyyám. A emoção toma mais uma vez conta da minha alma e me faz suspirar.

***Palavras que me fazem pensar...meditar sobre a minha existência...sobre a minha vida, sobre o porquê de estar aqui e acerca do nosso destino.

Procura ser feliz ainda hoje, pois não sabes o que te reserva o dia de amanhã.
*Toma uma urna cheia de vinho,
senta-te ao clarão do luar e monologa:
“Talvez amanhã a lua me procure em vão.”
Omar Kháyyám

Volto-me às civilizações do passado e ainda fitando a lua, penso: “Você que presenciou as campanhas de Alessandro, de Augusto e de Vespasiano... que iluminou a face de Cleópatra no beijo dado à Marco Antônio...que assistiu, incólume, à batalhas...que deu a vitória a Constantino...que presenciou o início e o fim da existência das grandes civilizações... e que, principalmente, assistiu ao momento do nascimento e da morte do maior de todos os homens, me responda”:

***Por que tudo parece tão sem sentido, mas ao mesmo tempo me diz que algo muito maior se encontra por trás da nossa miserável existência?

***Por que esta sensação que me exorta a imaginar que já estive aqui, que já presenciei coisas que não posso explicar, e porque esta mesma emoção me consome o peito quando volto meu pensamento a um passado que a razão me diz jamais haver conhecido?

Lua! Essa mesma Lua que observo da minha varanda...Quantas vezes Michelângelo a contemplou? Quais seriam seus pensamentos, suas aflições, seus desejos e seus temores ao fitar a mesma lua que agora, diante de mim, ilumina a madrugada silenciosa, com sua luz que cintila sobre as águas? A mesma lua que assistirá, de seu posto perene, meus últimos dias e o fim desta minha existência, mas talvez não a última! Que silêncio...que noite...que paz...quanta, imensa e maravilhosa solidão.

Pelos céus!***Qual a mão que esculpiu o teu Davi ?

Na terra multicor, caminha um mortal, Que não é muçulmano, nem infiel, Não é rico, nem pobre.
*Esse homem não venera Deus, nem acata as leis; 
Não acredita na verdade, nunca afirmou coisa alguma...
*Na terra sarapintada, quem é esse homem intrépido e triste ?...
Omar Kháyyám

***É tarde! ... Muito tarde !!!

***Não sei exatamente quando abracei a madrugada e a solidão como fiéis companheiras.

***Durmo pouco...muito pouco...3 ou 4 horas, por noite, já seriam tanto e tão bem-vindas.

A madrugada me é mais cara do que o dia que faz com que todos se movam para lá e para cá, num eterno e frenético vai-vém. Caminham de um lado para o outro, como se essa condição lhes portasse a algum destino, a algum lugar que desconheço.
Por que isso tanto me aflige? Por que gera tanta ansiedade em meu peito? Por que a solidão da madrugada e o silêncio de uma noite enluarada, ao contrário, me são tão carinhosas?
Seria porque no silêncio da noite eu possa meditar, conversar com meu verdadeiro EU, estar com meus cães que me fitam com curiosa expressão de seus sinceros amor e carinho? Talvez, porque me permita observar as corujas que passam diante da minha janela, olhando através da vidraça embassada pela bruma, como se me procurassem; quem pode dizer? ...ou talvez, quem sabe, seria simplesmente devido à emoção que me faz suspirar e que me porta aos tempos de minha juventude!?...tempos que parecem estar tão distantes, mesmo estando tão próximos como o ontem!...

... me bastaria a Terra retornar 40 voltas ao redor de sua estrela, para que contemplasse a mim mesmo nos meus áureos 20 anos.

Nem sequer entrevejo o Céu...
*Meus olhos estão toldados de lágrimas.
*O fogo do Inferno é uma chama ligeira comparado às labaredas que me devoram a alma.
*O Céu é, para mim, um instante de paz.
Omar Kháyyám

Ninguém me alertou sobre o fator exponencial do tempo !

***Lembro, dos dias da minha infância, quando um único ano escolar parecia não ter fim. Hoje se apressam em me fazer recordar que, apesar da alma continuar a mesma, as marcas do tempo dizem que algo mudou.

Queres saber o que te acontecerá amanhã ?...*Erro !
Sê confiante, senão o infortúnio não deixará de justificar as suas apreensões.
*Não te apegues a nada, não interrogues nem os livros, nem as pessoas...
...o nosso destino é insondável.
Omar Kháyyámm

Continuo aqui, sentado, fitando o horizonte e a faixa de luz que se estende pelo mar e me conduz à Lua. ***O ar está imóvel! O tempo parece ter parado e, por vezes, tenho a estranha sensação de não estar sozinho.

Já me habituei ao olhar desta coruja, branca como a neve, com suas penas iluminadas pelo luar, sempre a fitar-me, curiosa mas indiferente, enquanto voa diante da minha sacada.

Não vejo ninguém, não ouço ninguém...alguns dormem...outros se foram.

Sono sobre a terra.
*Sono debaixo da terra.
*Sobre a terra, debaixo da terra, homens deitados.
*O nada em toda parte.
* Deserto do nada.
*Homens chegam.
*Outros partem.
Omar Kháyyám

***Quanto prazer sinto nestes momentos em que posso estar só comigo mesmo e indagar, mesmo sabendo ser em vão, sobre os mistérios que me conduziram a isto que chamam vida.

***Um pensamento me aflige!

***O imenso mundo: um grão de areia perdido no universo.*Toda a ciência dos homens: palavras.
*Os povos, os animais e as flores dos sete climas: sombras.
*O resultado da tua meditação: nada.
Omar Kháyyám


Epílogo

Esta madrugada assisti a um documentário do DISCOVERY SCIENCE, intitulado “NOS CONFINS DO UNIVERSO”. Um trabalho muitíssimo bem elaborado pela universidade de Cambridge, onde cientistas discutem a possibilidade do universo ser finito e ao contrário do que afirmara Einstein, ser plano.
Acredito que muito do que nos foi passado por Káyyám, esteja intimamente ligado à sua “obsessão” pela astronomia, campo em que foi um dos maiores e mais ilustres mestres de sua época, legando à posteridade seus trabalhos de extrema relevância, demonstrando ser um grande visionário de seu tempo.
A meditação sobre os mistérios da ciência, em particular aqueles ligados à astronomia, nos reporta a pensamentos que transcedem à imaginação e à vida dos comuns mortais como nós, tão preocupados com sua efêmera existência terrena e seu hedonismo bizarro.

Penso que muitos dos Rubai que nos foram generosamente legados por este grande gênio da humanidade, sejam frutos da inspiração e da vida contemplativa de um homem sábio, ao observar nas noites estreladas e silenciosas da belíssima e misteriosa Pérsia, o maravilhoso firmamento que em nada se compara ao que hoje mal podemos admirar, subtraído que nos foi pela iluminação das grandes cidades e a agitação da vida moderna.

Fico a imaginar Kháyyám sentado, recostado em uma árvore, em uma noite límpida de verão, em plena madrugada, tendo como companheiro as estrelas cintilantes de um grande “tapete” elaborado com a mesma arte que, entre tantos feitos magnifícos, fez este povo tão famoso e conhecido no mundo ocidental.
Chego a sentir o perfume de sândalo exalado pelos jardins do que outrora foi o berço da ciência e da nossa civilização que hoje, à guisa contra tudo que se construiu de bom e duradouro, deixou-se entranhar pela fealdade que nos cerca.


As palavras de Omar tocam nossos corações e passam esta impressão magnífica em um de seus “Rubai”:

Meu coração diz: “Quero saber!
*Tenho um desejo ardente de ciência!
*Instrui-me Khàyyàm, tu que tanto estudaste!”
*Pronunciei a primeira letra do alfabeto, e o meu coração retrucou:
“Agora, sei. *Um é o primeiro algarismo do numero que não acaba nunca...”
Omar Khàyyàm

Poesia não é matemática! Não existe uma fórmula ou uma lógica e nem mesmo um modelo para entendê-la e apreciá-la. Assim como a música e as artes, esta deve tocar nosso coração e a nossa alma. Analisar a poesia ou uma obra de arte com uma “régua”, é matar a nossa individualidade, aquilo que nos faz tão iguais e tão diferentes, ao mesmo tempo.

Da mesma forma que um médico erra ao diagnosticar uma doença, ao invés de tratar o doente, erramos ao querer dar uma interpretação simplória, unificada e homogênea à poesia, à música ou à uma obra de arte, reduzindo-as a uma espécie de “objetos fabricados em série”. Como esperar que Rembrandt, Utrillo ou Botticelli sejam vistos com os mesmos olhos, com a mesma alma e com a mesma pureza de sentimentos por indivíduos e almas tão distintas entre si?

A beleza da poesia, da música, das obras de arte, reside justamente no fato de “não serem produções em série”. Não são passíveis de análises metódicas, baseadas em padrões acadêmicos pré-estabelecidos. Certo!...são estudadas, analisadas, dissecadas nas escolas e universidades e envoltas por teorias as mais variadas, mas que, certamente, não traduzem e nunca irão explicar porque aquela que não agrada a um, faz o outro suspirar de emoção.
Por favor, não coloquemos a poesia, a música e as belas artes no lugar comum, tentando explicar o inexplicável. Devemos abrir nossos corações e sentir...só isso!

A pureza de sentimentos, a sensibilidade, a emoção que elas nos transmitem estão além daquilo que escrevem alguns, tentando desesperadamente dar um sentido lógico e “matemático” aos nossos mais profundos sentimentos.

Nunca iremos conseguir entrar no coração de um grande poeta ou de um grande artista, pois a essência que os criou, também os fez únicos como o “carrara“ onde foram esculpidos. No entanto, podemos deixar que um pouco que seja das suas almas, dsos seus “eus”, penetrem os nossos corações; isto independe de críticas, análises e “dissecações”.

Para mim, particularmente, que “bella” a interpretação de Octavio Tarquino de Sousa, pois foi a que mais me tocou o coração e a alma., assim como o fez também a meu pai.
Somos únicos em nossa individualidade! Pequenos universos de emoção, dor, sentimentos, prazer , amor e felicidade. Bom saber que existam homens que ainda, nos tempos atuais, conseguem atingir nossos corações despertando as mais diversas emoções.

São como o bom vinho! Experimente prová-lo em um copo de geléia, num dia de calor imenso, em má companhia, num botequim de subúrbio. Seguramente não terá o mesmo sabor quando provado numa colina Toscana, num fim de tarde primaveril ou diante do por do sol na PonteVecchio em Firenze, numa taça de cristal “del settecento” em bellissima e agradável companhia.

Fernando Antunes