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O AMEX dos desesperados

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Mais um dia que se vai. Mais uma exaustiva jornada para João Brasileiro. A subida íngreme não chega a desanimá-lo. Pára, pé ante pé, degrau baixo, degrau acima...levanta a cabeça para se certificar que está quase em casa. "- Só mais uns passos!", pensa. Quase sempre de cabeça baixa, continua subindo...a iluminação fraca, aqui e acolá registra seu vulto quando passa. O cheiro da terra húmida contrasta com o do café quentinho, "da hora" que sai dos barracos. Gente que sobe...gente que desce...."-...noite, João!.......-"- noite, compadre !"  - Oi meu amor! Senta aqui ! Você deve tá muito cansado ! - Oi, minha vida! Pera aí, deixa eu respirar um pouco ! Todas as manhãs, lá pelas cinco, ao despertar da aurora, João sai de casa; um modesto barraco no alto do Vidigal. Com sua calça de fustão linhoso velho, muito limpa e esticada a ferro de carvão (carinho de mulher amada), camisa branquinha feito porcelana, ele desce o morro mais uma vez.

A Revolução de Bananária

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Rio de Janeiro, 22 de Janeiro de 2051 A situação de Bananária no século XXI era de extrema injustiça social. Nessa época o país estava dividido em três Estados. O Terceiro Estado, neopentecostal, era formado pelos pobres miseráveis dominados por seitas de falsos profetas estelionatários, suburbanos alienados e uma pequena burguesia comercial reacionária. Os impostos eram pagos somente por esse segmento social com o objetivo de manter os luxos da nobreza feudal, instalada em Brastília, capital do país. Bananária, mesmo que fosse proclamada como democracia para todos os fins e direitos, na verdade era um país subjugado por um regime absolutista, desde meados dos anos 60, no século XX, quando os militares se instalaram no poder. Ditadores e presidentes eleitos governavam com mão de ferro, com poderes absolutos, controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião da população de maioria histérica e fanática, sob a batuta de falsos profetas, vendedores de indulgê

Eu não sou a sua namoradinha!

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Ninguém, se importa quando índios são assassinados. Na verdade, os condenados até hoje, inexplicavelmente, são os indígenas, não os assassinos”.  Ninguém se importa quando milhares de hectares de mata virgem, de floresta na Amazônia e no Pantanal, são abatidos para dar lucro a um punhado de maus brasileiros. Quem lucra com isso? Certamente não a nação, não os brasileiros que, estranhamente, continuam a dar suporte a esse mau governo. Dos 74 assassinatos de indígenas ocorridos no Brasil até o momento, 42 vítimas (60% do total) eram do povo Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, de acordo com dados do Conselho Indígenista Missionário (Cimi). Ninguém foi condenado!.  A falta de espaço faz com que os conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos fazendeiros que  massacram homens, mulheres e crianças, indiscriminadamente, quanto entre os próprios indígenas que não tem alternativa de trabalho, de renda, de educação. Os legítimos herdeiros dessa terra, estão amontoados em p

Calor infernal, agrotóxicos e pragas, o Brasil de Dante

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"...Dinanzi a me non fuor cose create se non etterne, e io etterno duro. Lasciate ogni speranza, voi ch'intrate ". Aqui, no canto III da Divina Comédia de Dante, o inferno é o reino da ausência de qualquer esperança de salvação. Dante não entende o significado oculto das palavras e pede uma explicação a Virgílio, que conforta Dante, para que não tenha medo e nem desconfie, porque no caminho apenas verá pessoas lamentando sua severa e merecida punição. Este é o verdadeiro começo da descida ao inferno. É a noite da Sexta-feira Santa, 8 de abril de 1300. Os cantos anteriores, dão lugar a uma súbita expansão do conhecimento de Dante, através da visão dos primeiros condenados, no "anti-inferno", onde o tremendo calor e o zunir das pragas já se fazem sentir. Encontram-se a um passo do reino da dor e do sofrimento sem esperança. As inscrições na porta são advertências de que esse local de punição é eterno. "Deixe para trás toda a esperança, você que entra&

Da privada de Marx ao piscinão de Ramos

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Autor: Prof. Fernando Antunes Numa bela manhã de inverno europeu, um alemão dava sua “derribada” matinal. Sentado na privada do seu barraco frio e húmido, em sua cabeça já fervilhavam as idéias mais miseráveis e cretinas, só concebidas por uma mente sórdida ou doentia. Provavelmente, quando ainda criança, no seu bercinho de “pau de lenha”, o alemão cagão estivesse com uma tremenda dor de barriga; e como sua mãe não escutava seu chororô, tentou sair sozinho do berço, caindo de ponta-cabeça no chão, o que provocou sua primeira diarréia mental. Ao que parece, tudo que estava na barriga, lhe subiu à cabeça. Enquanto deitava barro abaixo e lia “Arquimedes”, num misto de alucinação e euforia, abriu a porta do banheiro, e correndo peladão pelo único cômodo do barraco gelado, gritou: “Mulher...cadê minha cueca”. Fazia um frio do cacete, mas mesmo assim não havia quem convencesse o alemão a ficar em casa. “Preciso falar com meus “companheiros” !(essa merda de palavra já existia