O AMEX dos desesperados
Mais um dia que se vai. Mais uma exaustiva jornada para João Brasileiro. A subida íngreme não chega a desanimá-lo. Pára, pé ante pé, degrau baixo, degrau acima...levanta a cabeça para se certificar que está quase em casa. "- Só mais uns passos!", pensa. Quase sempre de cabeça baixa, continua subindo...a iluminação fraca, aqui e acolá registra seu vulto quando passa. O cheiro da terra húmida contrasta com o do café quentinho, "da hora" que sai dos barracos. Gente que sobe...gente que desce...."-...noite, João!.......-"- noite, compadre !" - Oi meu amor! Senta aqui ! Você deve tá muito cansado ! - Oi, minha vida! Pera aí, deixa eu respirar um pouco ! Todas as manhãs, lá pelas cinco, ao despertar da aurora, João sai de casa; um modesto barraco no alto do Vidigal. Com sua calça de fustão linhoso velho, muito limpa e esticada a ferro de carvão (carinho de mulher amada), camisa branquinha feito porcelana, ele desce o morro mais uma vez.